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Quando eu deixei a vida acontecer.

23 de julho de 2020

Durante muito tempo, permaneci preso da bolha do ?Preciso fazer acontecer?. Essa é aquela bolha que todos nos colocamos quando sentimos que nossa vida não está andando no ritmo que a gente gostaria. Quanto mais eu me forçava a criar um ritmo intenso, mais frustração eu sentia, pois nunca parecia ter obtido o suficiente.

Foi então, às beiras do Rio Ganges, na Índia, sentindo a água correr e me purificar, que percebi que tudo passa, assim como as águas do rio vão em direção ao oceano. Percebi que tudo escorre pelos dedos, pois a água não fica em nossas mãos. É impossível possuir toda aquela água do rio.

Quando cheguei de volta à minha casa, tive a plena certeza de que precisava mudar. Agora eu queria mais vida, mais alegria, mais harmonia. E assim, aprendi que tudo passa e precisa passar. Os apegos se desfizeram à medida que entendi que cada pessoa ou situação só pode ser aproveitada naquele momento.

Não adiantava mais querer eternizar um momento bom e utilizá-lo como molde para todos os outros momentos. Ao invés disso, sentia o chamado de viver cada vez mais momentos que me preenchessem e enriquecessem a alma. Deixei a água da vida correr, e assim, aprendo cada vez mais a ser o autor das minhas alegrias.

Foi importante perceber o quanto enchemos nossas vidas com coisas e situações, e perdemos a oportunidade de agradecer e viver o momento. É somente ?naquele momento e naquele instante?, que podemos criar nossa felicidade. Não existe para frente, nem para trás. Só existe isso que eu quero viver agora.

O Rio Ganges ficou para trás, como uma bela memória, e que passou pela minha vida. Suas águas cristalinas, na cidade de Rishikesh, já não são as mesmas águas que eu entrei quando estive lá. E, como elas, me entreguei ao oceano de oportunidades que a vida pode me apresentar.

Márcio Merçoni

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